Aline Ghammachi, freira brasileira natural do Amapá e ex-madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, na Itália, foi afastada do cargo após denúncias anônimas de má conduta, ocultação de finanças e comportamento manipulador. A religiosa, que se destacou por liderar projetos sociais voltados a mulheres vítimas de violência e pessoas autistas, viu sua vida virar do avesso pouco antes da escolha do novo papa, Leão 14.
Apesar de uma primeira auditoria não encontrar irregularidades, o processo foi reaberto, supostamente por influência do frei Mauro Lepori, líder da ordem, que teria feito comentários depreciativos sobre a aparência de Aline, dizendo que ela era “bonita demais para ser freira”. A destituição foi anunciada no mesmo dia da morte do papa Francisco, impossibilitando qualquer apelação imediata. Uma nova abadessa, de 81 anos, assumiu o cargo em nome do pontífice recém-falecido.
Aline foi então pressionada a se retirar para “amadurecimento psicológico”, sem direito a julgamento ou defesa. Recusando-se a cumprir a ordem, ela deixou o convento por vontade própria uma semana depois. Em solidariedade, 11 das 22 religiosas também abandonaram o mosteiro.
A freira Maria Paola Dal Zotto, uma das dissidentes, defendeu publicamente Aline, denunciando um “ambiente medieval” e calunioso. Enquanto isso, o frei Lepori acusou a ex-abadessa de tentar manipular a mídia para recuperar prestígio.
Aline, por sua vez, deposita esperança no novo papa Leão 14, especialista em direito canônico. “Eu não estou pedindo nada mais do que a lei”, declarou ela ao portal Folha de S. Paulo.
O caso ganhou repercussão internacional e já despertou o interesse de uma produtora alemã, que cogita transformar a história em filme.


