O que deveria ser uma audiência técnica sobre economia na Câmara dos Deputados se transformou em um verdadeiro ringue político nesta quarta-feira (11/6). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), foi o centro de uma intensa troca de acusações com os deputados Nikolas Ferreira (PL) e Carlos Jordy (PL), após criticar a saída dos parlamentares antes de suas respostas. “Fugiram do debate”, afirmou Haddad, chamando a atitude de “molecagem”.
A fala do ministro inflamou a oposição, e a situação saiu do controle quando Jordy retornou ao plenário e rebateu com agressividade: “Moleque é o senhor”. Ele ainda acusou Haddad de ser despreparado e responsável pelo “maior déficit fiscal da história”, apesar de os dados oficiais indicarem que o maior rombo nas contas públicas ocorreu em 2020, durante a pandemia, e não sob a atual gestão.
A audiência, organizada pelas comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle, deveria durar cinco horas, mas foi encerrada em menos de três devido ao tumulto. A confusão gerou reações de todos os lados: enquanto aliados do governo criticaram a postura da oposição e pediram respeito ao debate democrático, apoiadores de Nikolas e Jordy acusaram Haddad de desrespeitar o Parlamento.
Haddad também aproveitou para rebater a narrativa de que o governo anterior teria deixado um “superávit limpo”, afirmando que ele foi obtido por meio de desonerações e cortes que prejudicaram os estados. “Superávit assim qualquer um faz: vendendo patrimônio público e tirando dinheiro de governador”, disparou.
O episódio expôs, mais uma vez, a tensão crescente entre governo e oposição no Congresso, com debates que deveriam ser técnicos sendo dominados por ataques pessoais, desinformação e clima de campanha permanente.


