O dólar encerrou junho com uma queda surpreendente frente ao real, atingindo R$ 5,434 — o menor valor desde setembro de 2024. No acumulado do mês, a moeda norte-americana recuou 4,99% e, no primeiro semestre de 2025, já acumula perdas de 12,07%. A desvalorização foi impulsionada por uma combinação de fatores internacionais e domésticos que estão mexendo com o humor dos mercados.
Nos Estados Unidos, o dólar perdeu força globalmente diante das incertezas fiscais causadas pelo avanço do polêmico projeto orçamentário de Donald Trump, conhecido como “Beautiful Bill”. A proposta prevê um aumento de até US$ 3,3 trilhões na dívida pública americana. Além disso, Trump intensificou a pressão sobre o Federal Reserve, exigindo cortes agressivos nos juros, que atualmente variam entre 4,25% e 4,50% ao ano. O próprio ex-presidente escreveu uma carta ao presidente do Fed, Jerome Powell, pedindo redução imediata das taxas.
Enquanto isso, no Brasil, o mercado reagiu a dados econômicos mistos. O Caged mostrou a criação de 148.992 vagas formais em maio, abaixo da expectativa de 179 mil. Por outro lado, a dívida pública bruta fechou o mês em 76,1% do PIB, levemente melhor do que o esperado. A dívida líquida ficou em 62%.
No cenário político, a rejeição pelo Congresso de um decreto do governo Lula que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) acirrou os ânimos entre o Executivo e o Legislativo. O presidente Lula, segundo o ministro Fernando Haddad, deve levar a questão ao STF, o que pode gerar novos embates institucionais.
Apesar da queda do dólar, as bolsas americanas tiveram um dia de euforia: S&P 500 e Nasdaq bateram recordes, enquanto o Dow Jones também fechou em alta. Analistas apontam que a decisão do Canadá de eliminar impostos sobre serviços digitais pode ter contribuído para o otimismo, ao abrir caminho para acordos comerciais com os EUA.
A conjuntura atual revela um cenário volátil e imprevisível, com fatores políticos e econômicos se entrelaçando e influenciando diretamente o câmbio. A pergunta que fica: até onde vai essa queda do dólar?


