Em uma visita carregada de simbolismo político e tensão diplomática, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve nesta quinta-feira (3/7) na residência da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, em Buenos Aires. O encontro, que só foi possível após autorização judicial, ocorreu paralelamente à participação de Lula na Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, onde o Brasil assumiu a presidência rotativa do bloco.
Cristina Kirchner, que enfrenta sérias acusações judiciais e cumpre prisão domiciliar, descreveu a visita como um “ato político de solidariedade” e relembrou a trajetória de Lula, também alvo de lawfare e prisão no passado. Em suas redes sociais, ela exaltou o retorno do líder brasileiro ao poder como uma vitória da democracia e da resistência.
A ex-presidente não poupou críticas ao atual mandatário argentino, Javier Milei. Em um discurso inflamado, ela acusou o governo libertário de “desmontar a democracia passo a passo” e ironizou as recentes medidas econômicas, como o aumento de 6,4% nas tarifas de energia. “Tarifas nas alturas, aquecedores desligados, você falando que fez um bom trabalho no Mercosul… e deixou Mar del Plata sem gás”, disparou.
Enquanto isso, Lula também cumpriu uma intensa agenda diplomática, reunindo-se com os presidentes do Paraguai, Bolívia e Panamá, além do ativista Adolfo Pérez Esquivel. A visita a Kirchner, no entanto, roubou os holofotes e reforçou os laços entre os dois líderes de esquerda, ambos marcados por processos judiciais controversos e por uma narrativa de perseguição política.
O gesto de Lula foi interpretado por analistas como um recado direto a Milei e um posicionamento claro em defesa da democracia e da integração regional. Em um cenário político cada vez mais polarizado, a visita reacende o debate sobre o papel dos ex-líderes latino-americanos e suas influências nas disputas atuais.


