O governo de Donald Trump iniciou discussões sobre a possibilidade de impor sanções a dois dos principais líderes do Congresso Nacional brasileiro: Hugo Motta (Republicanos), presidente da Câmara dos Deputados, e Davi Alcolumbre (União Brasil), presidente do Senado Federal. Esta é a primeira vez que a Casa Branca analisa com profundidade a atuação dos chefes do Legislativo brasileiro, ampliando o monitoramento que já vinha sendo feito em relação a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A insatisfação de Washington com Hugo Motta decorre da decisão do deputado de travar a votação do projeto de lei que concede anistia a réus e condenados por tentativa de golpe de Estado, proposta que poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Já em relação a Davi Alcolumbre, a crítica está centrada na recusa do senador em pautar pedidos de impeachment contra ministros do STF, como Alexandre de Moraes, que recentemente teve seu visto e os de familiares suspensos pelos Estados Unidos.
A postura dos dois parlamentares tem sido vista como alinhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de ambos serem filiados a partidos de centro-direita. Eles integram o chamado Centrão, grupo político que busca manter boas relações tanto com o governo quanto com a oposição.
Recentemente, Alcolumbre reiterou a aliados que não colocará em pauta qualquer processo de impeachment contra membros da Suprema Corte, mesmo diante de novos pedidos protocolados no Congresso. Por sua vez, Motta também frustrou a oposição ao impedir o funcionamento das comissões da Câmara durante o recesso parlamentar, o que inviabilizou a tentativa de deputados bolsonaristas de acelerar projetos legislativos em resposta às medidas cautelares impostas pelo STF a Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica.
As movimentações do governo Trump indicam um possível endurecimento na relação com figuras do Legislativo brasileiro que, na avaliação da Casa Branca, estariam obstruindo ações contra aliados de Bolsonaro e protegendo ministros do STF. A possibilidade de sanções representa uma escalada inédita na interferência diplomática norte-americana sobre o cenário político interno do Brasil.
