O governo de Donald Trump estuda aplicar sanções contra os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil), por não avançarem com pautas de interesse do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o impeachment do ministro Alexandre de Moraes (STF) e o projeto de anistia a envolvidos em atos golpistas.
A medida em análise pela Casa Branca vai além da simples revogação de vistos: inclui a possibilidade de uso da Lei Magnitsky, legislação americana que permite sanções a indivíduos envolvidos em corrupção ou violações de direitos humanos. Essa lei pode restringir transações em dólar e congelar ativos sob jurisdição dos EUA.
Inicialmente, o foco das sanções seria o ministro Alexandre de Moraes, como forma de testar a reação das autoridades brasileiras. No entanto, Motta e Alcolumbre entraram no radar por, respectivamente, não pautarem o projeto de anistia na Câmara e não avançarem com pedidos de impeachment de Moraes no Senado.
Washington não exige que os parlamentares aprovem as medidas, mas espera que ao menos as pautem para deliberação. A expectativa é que isso favoreça Jair Bolsonaro, que poderia se beneficiar politicamente caso os temas avancem. Recentemente, o senador Flávio Bolsonaro protocolou novo pedido de impeachment contra Moraes.
Apesar de eventuais atritos com o STF, os dois presidentes do Legislativo mantêm alinhamento com o governo Lula, o que tem gerado resistência às pressões bolsonaristas e, agora, à ofensiva internacional articulada por aliados de Trump.
A movimentação de Trump ocorre em um contexto de aproximação com o discurso de Eduardo Bolsonaro e outros aliados da extrema direita brasileira, que acusam Moraes e o governo Lula de autoritarismo. As possíveis sanções seriam uma forma de pressionar lideranças do Congresso a se distanciarem dessa aliança institucional com o Executivo brasileiro.


