
Pesquisadores do Instituto de Bioengenharia da Catalunha (IBEC) alcançaram um marco inédito ao registrar, pela primeira vez, o processo de implantação de um embrião humano em tempo real e em três dimensões. O estudo, publicado na revista Science Advances em 15 de agosto de 2025, utilizou uma plataforma inovadora que simula o ambiente uterino fora do corpo humano, permitindo observações detalhadas e contínuas desse estágio crucial da gestação.
A nova tecnologia emprega um gel artificial composto por colágeno e proteínas essenciais ao desenvolvimento embrionário, possibilitando a captação de imagens por fluorescência ao longo de todo o processo. Isso representa um avanço significativo em relação aos métodos anteriores, que se limitavam a imagens estáticas e isoladas.
Durante os experimentos, os cientistas observaram que os embriões exercem uma força de tração sobre o tecido ao redor, remodelando o ambiente uterino para permitir sua inserção. Essa força é fundamental para que o embrião consiga penetrar nas camadas mais profundas do útero e estabelecer conexões com os vasos sanguíneos maternos, iniciando a formação da placenta.
Segundo os pesquisadores, essa fase é surpreendentemente invasiva: o embrião libera enzimas que degradam o tecido circundante e, simultaneamente, aplica força física para se integrar ao útero. O estudo também revelou que o embrião responde a estímulos externos de força, reorganizando a matriz uterina durante a implantação.
As descobertas podem ter impacto direto no tratamento da infertilidade, já que falhas na implantação embrionária são responsáveis por cerca de 60% dos abortos espontâneos. A equipe do IBEC acredita que a compreensão mais profunda desse processo pode levar a melhorias nas taxas de sucesso da fertilização in vitro, na qualidade embrionária e na saúde reprodutiva como um todo.


