
Localizado na Filadélfia, o Museu Mütter é conhecido por sua coleção única e, por vezes, perturbadora, composta por esqueletos, órgãos humanos, fetos com deformidades e instrumentos médicos antigos. Entre os itens mais notórios estão o cérebro de Albert Einstein e o tumor retirado da mandíbula do ex-presidente americano Grover Cleveland. Apesar de parecer um cenário de ficção científica, o museu tem origem nobre: foi fundado em homenagem ao cirurgião Thomas Dent Mütter, pioneiro no uso da anestesia e defensor de pacientes com deformações severas.
Inaugurado em 1863, quatro anos após a morte de Mütter, o museu nasceu de sua coleção pessoal e de uma doação de US$ 30 mil. Hoje, abriga mais de 25 mil peças e é mantido pelo College of Physicians of Philadelphia. Suas exposições abordam desde ferimentos de guerra até o lado sombrio dos contos de fadas, sempre com um viés educativo e histórico.
Contudo, o museu também enfrenta críticas éticas sobre a exibição de restos humanos. A polêmica se intensificou em 2022, com a chegada da nova diretora Kate Quinn. Ela promoveu uma revisão do acervo digital e questionou práticas anteriores, o que gerou tensão interna, renúncias em massa e protestos de doadores. Entre os críticos, estão Robert Pendarvis e Rachel Lance, que acusaram a administração de desrespeitar o propósito educativo de suas doações e de agir sem transparência.
A crise culminou com a saída de Quinn em abril de 2025. Em seu lugar, assumiram as historiadoras Erin McLeary e Sara Ray, com a missão de equilibrar ética e preservação do caráter singular do museu. Apesar das controvérsias, a equipe reconhece o valor histórico e científico do Mütter, cuja principal missão segue sendo educar o público sobre a complexidade do corpo humano e da medicina — mesmo que isso envolva mergulhar no incomum e no macabro.


