Nos bastidores, integrantes do PT celebraram a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seu partido, o PL, de se posicionarem contra o projeto de lei que visa combater a adultização de crianças nas redes sociais. A proposta ganhou notoriedade após denúncias feitas pelo influenciador digital Felca, que viralizou ao expor casos de exposição precoce de menores em plataformas digitais.
A leitura entre petistas é que a resistência dos bolsonaristas ao projeto, considerado popular por parte da opinião pública, pode desgastar a imagem de parlamentares da direita, especialmente nas redes sociais — espaço em que tradicionalmente têm forte atuação. O PT vê a oportunidade de enfraquecer a popularidade de seus adversários ao associá-los à rejeição de uma pauta sensível à sociedade.
A proposta teve seu regime de urgência aprovado na Câmara dos Deputados na terça-feira, 19 de agosto, o que permite sua votação direta no plenário, sem a necessidade de tramitação pelas comissões. A votação do mérito está prevista para quarta-feira, 20 de agosto, segundo o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Parlamentares ligados a Bolsonaro classificam o projeto como um “Cavalo de Troia”, argumentando que, sob o pretexto de proteger crianças e adolescentes, ele abriria brechas para censura nas redes sociais. Essa alegação tem sido usada como justificativa para a oposição ao texto, mesmo diante da repercussão positiva que o tema vem recebendo.
A postura da bancada bolsonarista, no entanto, pode ter efeitos colaterais políticos. O PT aposta que o desgaste público gerado pela rejeição ao projeto pode ser explorado como um trunfo eleitoral e comunicacional, enfraquecendo a narrativa de defesa da família tradicional frequentemente usada pela direita.


