A fase ativa da morte é o estágio final da vida, quando não há mais tratamentos eficazes para prolongá-la. Ainda pouco compreendida pela maioria das pessoas — inclusive por profissionais de saúde —, essa etapa pode ser marcada por sinais físicos e emocionais que, se bem compreendidos, permitem um fim mais tranquilo e digno.
Especialistas em cuidados paliativos, como a médica Ana Claudia Quintana Arantes e o médico Arthur Fernandes, explicam que os últimos dias (ou horas) de vida envolvem uma série de mudanças graduais no corpo, simbolizadas pelos quatro elementos da natureza: terra, água, fogo e ar.
O “elemento terra” representa o início do desligamento físico: a pessoa sente um cansaço extremo, perde força muscular e entra em estados de inconsciência. A digestão desacelera, a fome e a sede diminuem, e a pele muda de cor e temperatura.
Na fase da “água”, o corpo resseca — olhos, boca e pele ficam secos. A reidratação intravenosa geralmente não é necessária, mas cuidados simples, como umedecer os lábios, podem trazer conforto. A dor pode se intensificar, mas pode ser controlada com medicamentos como a morfina.
O “fogo” simboliza um breve momento de lucidez, conhecido como “melhora da morte”, em que o paciente parece melhorar repentinamente. É uma oportunidade para despedidas e reconciliações, embora não represente recuperação real. Especialistas alertam para não desperdiçar esse tempo com intervenções médicas desnecessárias.
Por fim, o “ar” refere-se às alterações respiratórias: respiração irregular, barulhenta e pausada, boca aberta e acúmulo de fluidos. Embora possa causar angústia em quem presencia, esses sinais nem sempre indicam sofrimento para o paciente.
Após a última expiração, o coração para, o cérebro cessa suas atividades e a morte se confirma. Para os especialistas, esse momento deve ser respeitado e vivido com serenidade, como uma transição sagrada.
Falar sobre a morte, segundo os médicos, é essencial para que ela seja encarada com mais naturalidade e menos medo. Afinal, como concluem, a morte não é o oposto da vida, mas do nascimento — e a vida está em tudo que acontece entre esses dois momentos.


