Erica Bispo, doutora em literatura e única mulher negra entre os participantes, foi aprovada em primeiro lugar em um concurso para professora na Universidade de São Paulo (USP). No entanto, o processo foi anulado após seis candidatos recorrerem ao Ministério Público alegando que ela não possuía qualificação suficiente para o cargo. Erica acredita que a contestação tem origem em racismo estrutural.
++ Revolução digital: nova IA permite gerar renda automática sem esforço
Ela afirma que a anulação do concurso representa uma perda tanto pessoal quanto institucional, já que os alunos ficam sem docentes. O processo seletivo, realizado em junho de 2024, visava preencher uma vaga na área de literaturas africanas de língua portuguesa. Os recursos dos demais candidatos apontaram suposto favorecimento, apesar do currículo de 20 anos de atuação de Erica.
++ Luana Piovani ironiza romance entre Virginia Fonseca e Vini Jr.: “Mais do mesmo”
A candidata foi notificada sobre a abertura de um processo administrativo em julho do ano anterior. Os concorrentes questionaram sua produção acadêmica e a pontuação atribuída pela banca avaliadora. Erica apresentou sua defesa dentro do prazo, com apoio jurídico, mas alega que sua manifestação não foi considerada no processo.
Segundo ela, a anulação foi sustentada por uma narrativa de proximidade com membros da banca, baseada em fotos de redes sociais. Erica nega qualquer relação pessoal com os avaliadores e reforça que todos os membros da comissão deram notas altas e coerentes à sua candidatura.
A Procuradoria Geral da USP anulou o concurso, o que levou Erica a recorrer à Justiça em abril. O Ministério Público arquivou a ação movida pelos demais candidatos em julho. Nascida no Rio de Janeiro, ela já se preparava para se mudar a São Paulo, com exames admissionais feitos e busca por moradia, mas viu seus planos suspensos.
A USP declarou que a anulação foi decidida pelo Conselho Universitário, que identificou indícios de laços pessoais entre a candidata e a banca. A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) confirmou que a contratação chegou a ser iniciada, mas foi interrompida. A universidade reabriu o concurso e afirmou esperar que Erica se inscreva novamente.
