Márcia Rodrigues, uma estudante brasileira de 31 anos, viveu um verdadeiro pesadelo ao tentar visitar Paris durante uma pausa em seu doutorado em Portugal. Mesmo com visto válido emitido pela AIMA (órgão português responsável por estrangeiros), ela foi deportada assim que desembarcou na França, teve seu passaporte retido e foi impedida de circular pelo Espaço Schengen.
O episódio ocorreu em 21 de maio, quando Márcia decidiu aproveitar o fim das atividades acadêmicas para conhecer a capital francesa e fazer contatos profissionais. Antes da viagem, ela confirmou com a AIMA que poderia circular livremente pela Europa com o visto que possuía. No entanto, ao chegar ao aeroporto francês, foi levada a uma sala de imigração, onde foi tratada com hostilidade por um policial armado. Segundo relatou, foi impedida de usar o celular, gritada diversas vezes e forçada a assinar um documento sem entender seu conteúdo. Após a assinatura, foi informada de que não poderia mais entrar em nenhum país europeu.
Escoltada de volta a Lisboa, ela passou mais de 12 horas em aeroportos até recuperar seu passaporte. No dia seguinte, procurou o consulado brasileiro em Portugal, onde foi informada de que não havia justificativa para a deportação. Mesmo assim, viajou de volta ao Brasil com escala na Alemanha, em pânico, mas amparada por um número de emergência fornecido pelo consulado.
Márcia desabafou nas redes sociais e relatou que nunca sonhou em morar fora. Segundo ela, como mulher preta do Rio de Janeiro, sempre teve receios sobre a forma como seria tratada na Europa. A experiência de oito meses em Portugal, que poderia durar um ano, foi encurtada por escolha própria.
A Embaixada da França no Brasil não se pronunciou até o momento. Já o Itamaraty declarou que está disponível para prestar assistência à estudante e recomendou contato com autoridades migratórias francesas.
O caso levanta questionamentos sobre o tratamento dado a estrangeiros na Europa e a falta de clareza nos procedimentos migratórios, mesmo quando há documentação em ordem.
