
Um surto trágico de falência renal aguda resultou na morte de pelo menos 14 crianças na Índia, em um período de apenas duas semanas. O caso teve início no distrito de Chhindwara, em Madhya Pradesh, onde crianças com sintomas leves de resfriado foram tratadas com xaropes para tosse, como Coldrif e Nextro-DS, prescritos por médicos locais. Após uma aparente melhora inicial, os pequenos pacientes pararam de urinar e desenvolveram infecções renais graves, levando à morte de seis deles apenas no bloco de Parasia.
Testes laboratoriais revelaram a presença de dietilenoglicol nos tecidos renais das vítimas — uma substância tóxica usada em anticongelantes e solventes industriais, conhecida por causar envenenamento quando ingerida. Esse tipo de contaminação já foi responsável por mortes em massa de crianças em países como Gâmbia, Indonésia e Uzbequistão em 2023.
As autoridades indianas, lideradas por Sheelendra Singh, proibiram a venda dos medicamentos suspeitos na região e iniciaram uma ampla investigação. Equipes do Conselho Indiano de Pesquisa Médica foram enviadas para realizar visitas domiciliares, coletar amostras de medicamentos e entrevistar famílias. Amostras de sangue e medicamentos foram encaminhadas ao Instituto de Virologia em Pune.
Apesar de inicialmente os sintomas parecerem com encefalite aguda, exames descartaram infecções virais e bacterianas comuns, levantando a hipótese de encefalopatia causada por exposição química. Algumas crianças chegaram a perder a consciência em menos de 24 horas após a internação, necessitando de diálise e ventilação mecânica.
A área afetada foi declarada zona de alerta máximo, e a vigilância foi estendida a regiões vizinhas. Especialistas também investigam uma possível ligação com o vírus Chandipura, semelhante à encefalite japonesa, mas sem vacina disponível até o momento.
Enquanto isso, famílias enlutadas exigem respostas e responsabilização. “Nossos filhos nunca haviam adoecido antes. Tudo começou com uma febre leve. Depois do xarope, pararam de urinar. Não conseguimos salvá-los”, relatou um dos pais.
O governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, ainda não se pronunciou sobre o caso. A investigação segue em andamento.


